Quando os dias estão mais aborrecidos a minha descompressão habitual é uma volta pela obra, onde aproveito para uns minutos de conversa com Ele. Não com Deus, mas ele também merece o “E” maiúsculo...
Debatemos vários assuntos, onde fiquei a saber das suas dificuldades em aceder à internet no alojamento, tanto que eu até podia meter uma cunha, sei lá, para ver se instalavam mais computadores ou uma coisa assim. É que havia fulanos que ocupavam a net por horas e horas, sem fazer nada de produtivo, inclusive, e Ele já tinha visto, alguns entravam lá em situações de sexo e não sei o quê, e Ele que queria trabalhar não podia. Não era justo, pois não?
Após concordar que não era, de todo, pergunto-lhe:
- E sendo assim, o que costuma fazer nos tempos livres?
Retirando o capacete e colocando-o debaixo do braço, Ele penteia-se com as mãos e ajeita os óculos no nariz, antes de falar. O pequeno ritual, acompanhado do sorriso de malandro, fazia adivinhar que iria proferir algo que o envaidecia:
- Repare, eu felizmente tenho uma figura jeitosa. Os meus pais sabiam bem o que andavam a fazer e, como tal, é natural que não passe despercebido. Portanto, olhe, arranjo entretenimento com facilidade e não preciso de andar aí com bonecas, como alguns. Vou ao musseque onde tenho lá umas quantas namoradas e passo lá uns momentos de relaxamento. – Rematou ele, sempre com o tal sorriso inicial.
E foi assim que fiquei a saber que, segundo Ele, enquanto uns ocupavam a net e outros se entretinham com bonecas insufláveis, em substituição das mulheres (embora há quem defenda que a boneca não é uma substituição, mas um aperfeiçoamento), Ele passava os seus tempos livres em plena actividade no musseque.
No fim disse-me que, no entanto, e por muito que lhe custasse, teria que parar com essas coisas. Queria subir na carreira e tinha que se dedicar a 100%, pelo não podia ter nenhuma distracção. Muito menos a Francisca com os seus mamilos tipo amendoim.
Há 8 anos
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