Durante o tempo em que estou em Angola, já perdi a conta às vezes em que me pediram emprego. Isso acontece frequentemente mas, ainda assim, há sempre quem nos surpreenda. Hoje, ao chegar ao embarcadouro de onde apanho, diariamente, o barco para a obra:
- Cumé meu boss, arranja só um emprego aí na tua obra, yá? O teu avilo tá a precisar de trabalhar.
- Tu fazes o quê?
- Sou cantor, boss!
- Cantor?! – surpreendi-me eu, já com um ligeiro sorriso. – Então mas se és cantor o que queres fazer na obra?
- É que eu canto, né? Mas também sou pedreiro!
- Ahh, nas horas vagas? – brinquei eu com a situação.
Mas ele, que se mantinha sério e aborrecido com a minha falta de compreensão, tentou explicar-me outra vez:
- Não, cota! Eu antes cantava aí uns kudurus. O meu nome artístico era Zé Empurra! Dançava e tudo, xê! Mas epá, agora tão a aparecer aí muitos gajos a fazer músicas à toa e o negócio não tá fácil. Então por isso é que decidi que agora sou pedreiro.
- Mas já trabalhaste como pedreiro antes?
- Não, antes só cantava.
- Então assim vai ser difícil. Ainda por cima a obra está no fim. Mas eu vou ficar atento, se aparecer alguma coisa eu digo-te, ok?
- Yá, dá só uma dica. Aqui pra arranjar emprego é duro, sabes né? Mas epá, vamos fazer mais como então? É a vida, né?
Eu concordei que era a vida e ele pareceu ficar consolado com o facto, afastando-se enquanto dançava.
- Diz só se o teu avilo não baila bué! – gritou-me ele já longe.
Eu limitei-me a levantar o polegar e a seguir viagem no barco, curioso por ouvir um êxito do Zé Empurra.
- Cumé meu boss, arranja só um emprego aí na tua obra, yá? O teu avilo tá a precisar de trabalhar.
- Tu fazes o quê?
- Sou cantor, boss!
- Cantor?! – surpreendi-me eu, já com um ligeiro sorriso. – Então mas se és cantor o que queres fazer na obra?
- É que eu canto, né? Mas também sou pedreiro!
- Ahh, nas horas vagas? – brinquei eu com a situação.
Mas ele, que se mantinha sério e aborrecido com a minha falta de compreensão, tentou explicar-me outra vez:
- Não, cota! Eu antes cantava aí uns kudurus. O meu nome artístico era Zé Empurra! Dançava e tudo, xê! Mas epá, agora tão a aparecer aí muitos gajos a fazer músicas à toa e o negócio não tá fácil. Então por isso é que decidi que agora sou pedreiro.
- Mas já trabalhaste como pedreiro antes?
- Não, antes só cantava.
- Então assim vai ser difícil. Ainda por cima a obra está no fim. Mas eu vou ficar atento, se aparecer alguma coisa eu digo-te, ok?
- Yá, dá só uma dica. Aqui pra arranjar emprego é duro, sabes né? Mas epá, vamos fazer mais como então? É a vida, né?
Eu concordei que era a vida e ele pareceu ficar consolado com o facto, afastando-se enquanto dançava.
- Diz só se o teu avilo não baila bué! – gritou-me ele já longe.
Eu limitei-me a levantar o polegar e a seguir viagem no barco, curioso por ouvir um êxito do Zé Empurra.