Passando em revista a actualidade do país, não pude deixar de me divertir com uma notícia hilariante. Na verdade, a notícia em si nada tem de cómico, já que informa sobre mais um "esquema" no Banco Nacional de Angola, que continua a saque. Engraçados foram os contornos da trama.
E passo a citar o jornal:
"A detenção das duas funcionárias do sector da contabilidade gerou alguma estupefacção entre os colegas, mas disseram alguns companheiros de serviço que nos últimos tempos apresentavam um alto padrão de vida para a sua condição de simples contabilistas.
Como que a tentar fazer jus a uma espécie de novo estilo de vida, contaram alguns colegas que elas apresentaram carros de alta cilindrada, além de muitos outros sinais de riqueza, como a aquisição de residências de luxo em condomínios em Luanda.
No aspecto estético, também terão ajeitado a fisionomia através de frequência de clínicas estéticas no Brasil para onde teriam seguido viagem para se acondicionarem ao novo estatuto e modo de vida."
Se o último parágrafo já diverte, o melhor vem a seguir, ainda segundo o mesmo jornal:
"Algumas operações de busca e captura dos implicados no desfalque do Banco Nacional de Angola, então foragidos, tiveram alguns contornos dignos de filmes de espionagem e contra-espionagem, com um misto também de cenas caricatas.
Este jornal apurou de uma fonte que esteve a acompanhar as diligências para a apreensão de Francisco Mangumbala, estafeta do BNA, que a sua captura teve recortes só vistos em filmes do James Bond.
Contou a fonte que enquanto eram apreendidos outros implicados, alertado para o facto de poder vir a cair nas malhas da polícia também, Mangumbala tratou de se ocultar com o recurso aos serviços de um kimbandeiro e ficou escondido durante algum tempo."
Uma pequena interrupção na narrativa, apenas para uma nota de cultura, que ajudará a perceber o enredo:
Kimbanda significa algo como "curandeiro" em kimbundu, um idioma bantu falado em Angola. O kimbandeiro é um membro ativo da sua comunidade, é um feiticeiro. Normalmente vive afastado e não se envolve socialmente.
E passo a citar o jornal:
"A detenção das duas funcionárias do sector da contabilidade gerou alguma estupefacção entre os colegas, mas disseram alguns companheiros de serviço que nos últimos tempos apresentavam um alto padrão de vida para a sua condição de simples contabilistas.
Como que a tentar fazer jus a uma espécie de novo estilo de vida, contaram alguns colegas que elas apresentaram carros de alta cilindrada, além de muitos outros sinais de riqueza, como a aquisição de residências de luxo em condomínios em Luanda.
No aspecto estético, também terão ajeitado a fisionomia através de frequência de clínicas estéticas no Brasil para onde teriam seguido viagem para se acondicionarem ao novo estatuto e modo de vida."
Se o último parágrafo já diverte, o melhor vem a seguir, ainda segundo o mesmo jornal:
"Algumas operações de busca e captura dos implicados no desfalque do Banco Nacional de Angola, então foragidos, tiveram alguns contornos dignos de filmes de espionagem e contra-espionagem, com um misto também de cenas caricatas.
Este jornal apurou de uma fonte que esteve a acompanhar as diligências para a apreensão de Francisco Mangumbala, estafeta do BNA, que a sua captura teve recortes só vistos em filmes do James Bond.
Contou a fonte que enquanto eram apreendidos outros implicados, alertado para o facto de poder vir a cair nas malhas da polícia também, Mangumbala tratou de se ocultar com o recurso aos serviços de um kimbandeiro e ficou escondido durante algum tempo."
Uma pequena interrupção na narrativa, apenas para uma nota de cultura, que ajudará a perceber o enredo:
Kimbanda significa algo como "curandeiro" em kimbundu, um idioma bantu falado em Angola. O kimbandeiro é um membro ativo da sua comunidade, é um feiticeiro. Normalmente vive afastado e não se envolve socialmente.
Mas continuando...
" O mote da sua apreensão foi dado quando, depois de uma diligência bem sucedida das forças combinadas da Polícia e dos serviços de inteligência que lidam com o crime organizado, foi localizada uma construção de sua pertença algures no Benfica, que a equipa dos diligentes selou.
Volvido algum tempo, Mangumbala passa pelo local e dá com a obra selada, entra em alvoroço e de imediato liga para a mulher a dar conta do sucedido, o que para já era indício de que continuva nas preocupações dos investigadores."
E agora o melhor:
"Após a sua localização e tendo-se apercebido que estava a ser seguido por agentes à paisana e da Polícia de Intervenção Rápida, lá para os lados do Rocha Pinto, Francisco Mangumbala intenta o último recurso para tentar escapar à perseguição, seguindo o conselho do kimbandeiro, segundo o qual deveria despejar sobre si uma poção contida numa garrafa. Fê-lo, mas seu sucesso algum.
Atentos aos seus movimentos, os agentes da PIR neutralizaram-no com um safanão que o deixou longe do alcance do milongo e foi logo algemado. Atordoado com os desenvolvimentos dos últimos instantes da sua captura, repetiu várias vezes para os seus captores: "agora sim, já sei que estou preso, mas não me batam só"
Mangumbala encontra-se detido até ao momento."
Para trás, ficou a certeza de que o dinheiro roubado pelo Mangumbala não foi o suficiente para contratar um kimbandeiro em condições. Não sabemos se a tal poção o deveria ter tornado invisível, super sónico ou super forte. Mas eu só consigo imaginar a cara dos polícias ao verem o fulano a esvaziar a garrafinha sobre a cabeça antes da detenção.
Tanta esperteza e tanta ingenuidade, só em Angola...
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